Descrição: O regime de imagens que Gilles Deleuze torna operatório para pensar o cinema é diretamente tributário de Matéria e memória, de Henri Bergson. Ali, a própria matéria é definida como movimento que existe em si e como imagem tal como é percebida: a matéria é a identidade da imagem e do movimento para um mundo da universal variação, onde todas as imagens se propagam sem resistência e sem perda, sem um olho ou um cérebro que as produza, até que elas possam ser refletidas por um tipo especial de imagem capaz de aparar ou refletir a luz: as matérias vivas ou consciências. Estas se definem por sua capacidade de promover um intervalo entre a ação e a reação, que tornará possível discernir uma percepção, uma afecção e uma ação, dentro de um esquema sensório-motor. Esse esquema, no entanto, pode-se quebrar quando as percepções não se encadeiam mais com as ações. Nesse caso, afloram as situações ótico-sonoras puras, nas quais se trata de indagar o que a imagem mostra, de apreender a força do tempo na imagem. Vê-se, desse modo, na articulação entre essas duas filosofias, como uma ontologia da imagem dá ensejo para redefinir a percepção e a consciência, em sua relação com as manifestações artísticas. Pretende-se ainda explorar em que medida se relaciona com isso, no contexto do livro sobre as pinturas de Francis Bacon, o conceito deleuziano de figura como forma dirigida à sensação, que age diretamente no espectador do quadro, que faz daquele que sente parte do quadro.
Docente responsável: Prof. Dr. Sandro Kobol Fornazari
Pesquisadores envolvidos: Bernardo de Carvalho Tavares dos Santos (doutorando), Carlos Fernando Carrer da Cunha (doutorando), Deborah Spiga (doutoranda), Yasmin de Oliveira Alves Teixeira (doutoranda), Matheus Barbosa Rodrigues (mestrando), Amanda de Almeida Romão (graduanda - iniciação científica).
Financiamento: não possui.