Pesquisadores identificam dois compostos capazes de inibir o crescimento de células de tumores cerebrais

<p><b>Ricardo Muniz | Agência FAPESP</b> – Um dos tipos mais letais de tumor é o glioblastoma, já que poucos medicamentos se mostram eficazes em combater esse crescimento desajustado de células da glia, que compõem o tecido cerebral. O padrão atual de tratamento é a remoção cirúrgica do tumor, seguida de quimioterapia com temozolomida, radioterapia e nitrosoureias (como lomustina). Embora tenha havido certa melhora na sobrevida de pacientes ao longo dos anos, o prognóstico ruim permanece, pois essas células tumorais têm altíssima capacidade de resistir aos fármacos existentes e, muitas vezes, voltam a crescer após operação.</p>

<p>Agora, um estudo <strong><a href="/biologiamolecular/https://www.nature.com/articles/s41598-022-25534-2" target="_blank">publicado</a></strong> na revista <i>Scientific Reports</i> mostrou resultados promissores de duas substâncias que conseguiram inibir a proliferação dessas células tumorais. Para o teste, <i>in vitro</i>, foram avaliados 12 compostos gerados como subprodutos durante a síntese total do cloridrato de apomorfina (APO). Dois deles, chamados de A5 (derivado de isoquinolina) e C1 (derivado de aporfina), mostraram capacidade de promover a morte das células de glioblastoma. Além disso, conseguiram bloquear a formação de novas células-tronco tumorais e potencializaram o efeito da temozolomida, hoje o principal quimioterápico utilizado no tratamento.</p>

<p>“Mais estudos são necessários para melhor caracterizar a ação em células tumorais e normais, mas os resultados obtidos sugerem uma potencial aplicação terapêutica desses compostos como novos agentes citotóxicos úteis no controle dos glioblastomas”, explica <strong><a href="/biologiamolecular/https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/171539/dorival-mendes-rodrigues-junior" target="_blank">Dorival Mendes Rodrigues-Junior</a></strong>, do departamento de bioquímica médica e microbiologia da Universidade de Uppsala, na Suécia, um dos autores do artigo.</p>

<p>Para desenhar o estudo, os pesquisadores se debruçaram sobre a obtenção do cloridrato de apomorfina, que envolve uma série de reações químicas sequenciais, na qual cada passo gera um composto que é consumido na etapa seguinte. Em uma pesquisa anterior, o grupo havia avaliado o grau de eficácia de 14 desses compostos em células de câncer epidermoide de cabeça e pescoço. Tanto o A5 quanto o C1, também naquela ocasião, haviam se mostrado promissores e a opção foi por expandir os testes. “Diante da relevância e urgência em se identificar novas substâncias terapêuticas que possam ser úteis para o tratamento de glioblastoma, avaliamos o mesmo painel utilizado no estudo anterior, mas agora para este outro tipo de tumor”, explica Rodrigues-Junior.</p>

<p>O projeto sobre marcadores moleculares de carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço conta com <strong><a href="/biologiamolecular/https://bv.fapesp.br/pt/auxilios/94066/novas-abordagens-para-identificacao-de-marcadores-moleculares-para-a-determinacao-do-prognostico-de-/?q=15/09182-0" target="_blank">apoio</a></strong> da FAPESP e envolve outro autor que também assina a publicação mais recente, André Vettore, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Diadema.</p>

<p>“Esse estudo apresenta resultados interessantes, mas são apenas os primeiros passos de uma longa caminhada. Essa potencial utilidade dos compostos A5 e C1 no controle de células de glioblastoma precisa agora ser analisada em modelos <i>in vivo</i>, bem como ter seus efeitos avaliados em células neurais não tumorigênicas”, adverte Vettore. Para o pesquisador, caso os resultados obtidos nesses ensaios sejam promissores, é possível supor que, no futuro, a eficácia seja avaliada em estudos clínicos. “Satisfazendo todas as etapas, esses compostos poderão ser, por fim, úteis no tratamento de pacientes acometidos com glioblastoma”, diz.</p>

<p><b>Produtos naturais bioativos</b></p>

<p>O estudo foi elaborado para avaliar as atividades antitumorais <i>in vitro</i> de 12 compostos aromáticos obtidos como intermediários na síntese total da apomorfina. Essa substância alcaloide tem interação com a via da dopamina e já é amplamente utilizada para controlar as alterações motoras causadas pela doença de Parkinson.</p>

<p>Os alcaloides representam uma das classes mais conhecidas de produtos naturais com múltiplas propriedades farmacológicas e são estudados por ação anticonvulsivante, antiagregante plaquetário, anti-HIV, dopaminérgico, antiespasmódico e anticancerígeno.</p>

<p>A FAPESP incentiva estudos com essas substâncias por meio de um <strong><a href="/biologiamolecular/https://bv.fapesp.br/pt/auxilios/107967/2-trimetilsililaril-trifluorometanossulfonatos-como-precursores-de-arinos-visando-a-preparacao-de-co/?q=20/12530-8" target="_blank">projeto</a></strong> conduzido no Departamento de Química da Unifesp, em Diadema, sob a coordenação de <strong><a href="/biologiamolecular/https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/25318/cristiano-raminelli" target="_blank">Cristiano Raminelli</a></strong>, outro autor da publicação na <i>Scientific Reports</i>. Assinam também o estudo Haifa Hassanie, Gustavo Henrique Goulart Trossini, Givago Prado Perecim, Laia Caja e Aristidis Moustakas.</p>

<p>O artigo <i>Aporphine and isoquinoline derivatives block glioblastoma cell stemness and enhance temozolomide cytotoxicity</i> pode ser lido em: <strong><a href="/biologiamolecular/https://www.nature.com/articles/s41598-022-25534-2" target="_blank">www.nature.com/articles/s41598-022-25534-2</a></strong>.<br />
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<br><p>Este texto foi originalmente publicado por <a href="/biologiamolecular/https://agencia.fapesp.br/">Agência FAPESP</a> de acordo com a <a href="/biologiamolecular/https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/">licença Creative Commons CC-BY-NC-ND</a>. Leia o <a href="/biologiamolecular/https://agencia.fapesp.br/pesquisadores-identificam-dois-compostos-capazes-de-inibir-o-crescimento-de-celulas-de-tumores-cerebrais/40604/" target="_blank">original aqui</a>.</p><iframe src="/biologiamolecular/https://agencia.fapesp.br/republicacao_frame?url=https://agencia.fapesp.br/pesquisadores-identificam-dois-compostos-capazes-de-inibir-o-crescimento-de-celulas-de-tumores-cerebrais/40604/&utm_source=republish&utm_medium=republish&utm_content=https://agencia.fapesp.br/pesquisadores-identificam-dois-compostos-capazes-de-inibir-o-crescimento-de-celulas-de-tumores-cerebrais/40604/" width="1" height="1" frameborders="no"></iframe>

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