Ensaio, fragmento
205 apontamentos de um ano
Ensaio: porque ao pensador cabe tentar entender e fazer pensar. Fragmento: porque certos vícios da vida nacional são tão arraigados e conhecidos, que não precisam ser mais explicados, apenas lembrados, apontados. Ensaio, fragmento: porque a matéria do psicanalista é o choque entre vida interior e exterior, e seu instrumento é a palavra. Palavra que assume, aqui, a forma do sonho, do chiste, da provocação ou do lamento. Ou que se forja para dar forma de voo ao pensamento. "Menos não é mais. Nem menos."
O fragmento é uma cápsula crítica lançada ao leitor. Tem algo da sedução da esfinge, do poder de alusão da poesia e da decupagem do cinema. Pode alcançar a força do símbolo. É sempre um convite à reflexão. Mas nem só de fragmentos se faz este livro. Alguns dos temas aqui elencados assumem a forma de ensaios breves. Ensaios também fragmentados, cujas pontas soltas cabe ao leitor ir colhendo e tramando por sua própria conta e risco. Alguma coisa está fora da ordem. Mas, para bom entendedor, meia palavra basta.