Descrição: Esse projeto objetiva um estudo sobre a filosofia de Henri Bergson em duas vertentes. Na primeira delas almeja refletir acerca das vertentes da atividade humana em que, ultrapassando a abertura intrínseca ao intelecto, os atos humanos fundem-se com o dinamismo produtivo da vida, trazendo à luz, para além dos obstáculos, um sucedâneo de novidades inexauríveis. Arte e moral tornam-se aqui temas cruciais. Ante o divórcio com a instrumentalidade e ante os graus intensos de inventividade alcançados nessas esferas, torna-se imperativo não apenas refletir acerca dos aspectos que as diferenciam, mas também perquirir acerca da peculiaridade do processo criador que nelas se opera. Esta problemática solicita uma incursão em As duas fontes da moral e da religião, particularmente nas passagens em que a reflexão bergsoniana nos defronta com os problemas da emoção criadora e da criação mística. Também será relevante aludir à estatura que a noção de esforço adquire no decorrer desta filosofia. Veremos, enfim, que tanto na experiência artística quanto na mística, como afirmara o filósofo em distintos momentos de sua obra, o ato criador não apenas lança o homem no movente, viabilizando sua comunhão com o ímpeto vital, mas pode também conduzi-lo ao sentimento da mais profunda alegria. Essa experiência de êxtase, contudo, não advém sem a concomitância de um processo doloroso, cuja tônica é estabelecida pela angústia e pelos percalços da imprevisibilidade radical, inerentes ao processo e à aventura da criação. A segunda vertente da pesquisa debruça-se sobre a relação entre moral e civilização. Trata-se de perscrutar o modo pelo qual o impulso criador e vital rompe com os círculos nos quais se enreda no mundo humano, descortinando os horizontes para o universal. Assim, pretende interrogar o processo em que uma sociedade procede à abertura de si mesma e a natureza do único sistemas político que, para o filósofo , coaduna-se com essa abertura, a saber, a democracia, por natureza, essencialmente antinômica ao belicismo. Paralelamente, a investigação volta-se para a relação específica que tanto a sociedade natural quanto a sociedade aberta estabelecem com a técnica. A inspeção dessa questão permite-nos interrogar se a ação humana, fundamentalmente histórica e, simultaneamente, portadora de uma negatividade deletéria, a despeito de radicalizar as forças vitais e criadoras, acena com os riscos de extinção da própria vida. Neste cenário, procuraremos avaliar de que modo o conceito bergsoniano de duplo frenesi vem iluminar o contexto civilizacional que hoje vivemos. Uma correlação entre a reflexão sobre civilização em Bergson e em Freud será por fim aventada.
Docente responsável: Profª. Rita Paiva
Pesquisadores envolvidos: Thiago Ribeiro ( doutorado); Edenilson Pinto ( Doutorado) João B. Magalhães ( mestrado).
Financiamento: não possui.