Campus Guarulhos • Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Projeto Ressonâncias da Antiguidade na música e na ética rousseaunianas

Descrição: O presente projeto examina a inter-relação entre a música e a esfera da moralidade das ações humanas na Antiguidade grega e no pensamento de J.-J. Rousseau, o qual opera ainda a articulação entre a música e a esfera política. Na Antiguidade grega, a mousiké fazia parte da educação e envolvia expressões artístico-literárias essenciais à estabilização da polis e à formação do cidadão. Ela envolvia diferentes esferas da atividade humana: poesia, dança, ginástica, ética, religião, além da medicina. A hipótese central da pesquisa é demonstrar a raiz do conceito rousseauniano de música, que se encontra na Antiguidade grega, mais precisamente na noção de mousiké, em particular, em sua relação com o ethos. Vemos a cristalização da ideia de mousiké reaparecer no pensamento de Rousseau, não somente em passagens das diferentes obras, mas sobretudo como um princípio capaz de dar sustentação às suas teorias musicais e ético-políticas. A hipótese que aqui se busca demonstrar implica que, ao instaurar, na ordem da vida cotidiana, o acesso à esfera da sensibilidade, a música - tal como a concebe Rousseau - traria de volta a possibilidade da paideia e da restauração da totalidade social. Como na Grécia antiga, uma nova dimensão se instituiria, capturando indivíduos imersos em seu isolamento para elevá-los conjuntamente à categoria de corpo moral. Essa é a música pensada por Rousseau e que poucos em sua época puderam compreender. Ela não é apenas uma arte para proporcionar o prazer, mas um instrumento de unificação social e de libertação do homem dos estreitos limites impostos pela vida cotidiana nas sociedades já corrompidas, nas quais se dá o distanciamento de si mesmo e a contraposição entre os componentes do grupo social. Para discutir e elucidar as questões pertinentes ao tema a pesquisa parte da explicitação daquilo em que consiste a música na Grécia antiga. Veremos como isso se dá no período arcaico, isto é, dos tempos homéricos até meados do século VI a.C., até as concepções sobre a música elaboradas posteriormente por Platão e Aristóteles, em vista da influência desses filósofos sobre as concepções do filósofo. A pesquisa irá se desenvolver em três momentos distintos: um a respeito do pensamento antigo sobre a música, outro acerca das concepções musicais de Rousseau e os efeitos da música na constituição da individualidade, na construção do ideal de cidadania e na consolidação da totalidade social; e, por fim, no terceiro, os dois níveis de análise se entrelaçam para articular as teses do filósofo genebrino sobre a música com o pensamento de filósofos antigos e demonstrar assim a hipótese principal: a vinculação da música, tal como concebida por ele, ao ethos e à política.

Docente responsável: Profª. Drª. Jacira de Freitas

Pesquisadores envolvidos: 1. Gabriel Hamamoto (Graduação – Iniciação Científica), 2. Gustavo Amorim (Graduação – Iniciação Científica), 3. Luciana Miguel Ferrari (Mestrado), 4. Fábio Rodrigues de Ávila (Doutorado), 5. Bárbara Rodrigues Barbosa (Doutorado), 6. Daniela Fátima Garcia (Doutorado), 7. Camila Sabino Barbosa (Doutorado), 8. Jarbas Luiz dos Santos (Doutorado defendido em 2019 “A Antropodiceia rousseauniana: Teologia, Política e Laicidade").

Financiamento: não possui.

 

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