Parte das reflexões apresentadas no capítulo foram originalmente produzidas para a dissertação de mestrado de Giliate Cardoso Coelho Neto, intitulada Integração entre Sistemas de Informação em Saúde: o caso do e-SUS Atenção Básica, defendida em 2019, junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), sob orientação do Prof. Dr Arthur Chioro, disponível no repositório da Unifesp.
A fragmentação de Sistemas de Informação em Saúde (SIS) é um problema persistente no SUS, gerando retrabalho, piora da qualidade dos dados e aumento de custos. O capítulo destina-se a descrever como esse problema se expressa no cotidiano dos serviços de saúde e apresentar algumas propostas – que se mostram como apostas – para melhorar a integração do SIS no Brasil, em especial aqueles que possuem abrangência nacional.
Essa fragmentação está diretamente relacionada à uma postura histórica do Estado em relação à informação em saúde, focada na ampliação do controle e monitoramento das populações e na centralização dos recursos financeiros no governo federal, que exigiram a criação de dezenas de sistemas nacionais desenvolvidos para dar suporte às políticas construídas sob este marco epistemológico. Esta postura, muitas vezes reproduzida de forma acrítica por gestores bem intencionados, desconsidera o cotidiano dos serviços de saúde e o satura com dezenas de interfaces de captação de dados, que dificilmente retornam às equipes para apoiá-las em sua atuação profissional.
O debate sobre a integração de SIS, quando realizado para além da dimensão tecnocrática, pode se constituir como um dispositivo produtor de análises sobre a relação do Estado com o mundo do trabalho, do governo federal com os entes federados e entre setores e racionalidades historicamente afastadas, como assistência e vigilância à saúde.