Espera-se que vários estressores associados à doença coronavírus 2019 (COVID-19) afetem a saúde mental das populações globais: os efeitos do distanciamento físico, quarentena e isolamento social; o sofrimento emocional da saúde e de outros trabalhadores da linha de frente; sequelas neuropsiquiátricas em pessoas afetadas pelo vírus; o impacto para as famílias das vidas perdidas com a doença; efeitos diferenciais para aqueles com transtornos mentais graves; e as consequências da deterioração social e econômica.
Nesse contexto, buscou-se: formar um painel de especialistas brasileiros em saúde da criança e do adolescente, neurodesenvolvimento, serviços de saúde e saúde mental de adultos e idosos; e compilar intervenções baseadas em evidências para apoiar mudanças de políticas sugeridas no Brasil para mitigar o aumento esperado de transtornos mentais durante a pandemia e suas consequências para a saúde mental. São recomendadas as seguintes ações: 1) investir em programas de prevenção para o retorno seguro dos alunos às escolas; 2) adotar intervenções psicossociais baseadas em evidências para manter um ambiente adequado para o desenvolvimento da criança e do adolescente; 3) visar populações socialmente vulneráveis e vítimas de discriminação; 4) treinar equipes de atenção primária para resolver problemas comuns de saúde mental, fornecer avaliações com base nas necessidades e gerenciar cuidados domiciliares de longo prazo para pacientes idosos; 5) investir em avanços tecnológicos (por exemplo, telemedicina, e-Health e algoritmos baseados na web) para promover o atendimento coordenado; 6) aumentar o acesso e a alfabetização no uso de computadores e telefones celulares, especialmente entre os idosos; 7) expandir protocolos para intervenções psicoterápicas breves e remotas e psicoeducação para gerenciar problemas comuns de saúde mental.
Professora Dra.Zila Van Der Meer Sanchez
Publicado em REVISTA BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA, v. 43, p. 43-54, 2021.