Objetivos
Os programas baseados na atenção plena (MBPs) foram testados como alternativas promissoras para o gerenciamento do estresse em provedores de atenção primária à saúde (APS). O estudo comparou a viabilidade e eficácia de um MBP em sintomas de burnout em provedores de APS brasileiros com um programa mais breve baseado em relaxamento e com um grupo de controle não ativo.
Métodos
Um ensaio clínico não randomizado foi conduzido com avaliação de métodos mistos em sintomas auto-relatados de burnout e afeto positivo e negativo, atenção plena, autocompaixão, descentramento e ruminação. O braço MBP (MF) ( n = 62) consistiu em oito sessões de mindfulness, o braço de relaxamento (RE) ( n = 35) participou de quatro sessões de relaxamento, e o braço de controle (CO) ( n = 45) compreendeu um grupo em lista de espera.
Resultados
A redução da exaustão foi significativamente maior em MF em comparação com CO ( d = - 0,58; p = 0,020) e em ER em comparação com CO ( d = - 0,63; p = 0,017). MF foi significativamente superior ao CO para reduzir o cinismo ( d = - 0,48; p = 0,024). Também houve superioridade significativa de MF em comparação com CO em afeto positivo e negativo, observando, descrevendo, não reagindo, atenção plena, identificação e ruminação. MF e RE foram significativamente superiores ao CO para reduzir as críticas e o isolamento. Finalmente, MF foi significativamente superior a RE e CO para melhorar o não julgamento, a bondade e o descentramento.
Conclusões
Mindfulness e relaxamento podem ser eficazes no tratamento dos sintomas de burnout em provedores de APS, provavelmente com efeitos sinérgicos e mecanismos de ação distintos. Mais estudos com um desenho randomizado e tamanhos de amostra maiores devem ser realizados para confirmar esses dados preliminares e para testar se uma combinação de técnicas de atenção plena e relaxamento seria mais eficaz do que qualquer um dos programas isoladamente.
Professora Solange Andreoni
Publicado em Mindfulness, v. online, p. 1-16, 2020.