Ementa
As ciências médicas, como a psiquiatria clássica da História da Loucura de Michel Foucault, mesmo com seus limites, ainda influenciam diretamente outras ciências e políticas públicas em relação ao conceito de dependência química destacando sintomas, gravidades, influências e complicações clínicas enquanto critérios diagnósticos. Pelas ciências médicas demonstrarem pouca habilidade sobre questões psicossociais, as ciências humanas, como a antropologia, compondo a área da Saúde Coletiva, têm realizado estudos e ampliado o conceito de dependência química, pois aprofundam o que é destacado pelas ciências médicas referente à dependência química, apresentando ainda os efeitos das vulnerabilidades econômicas na saúde das pessoas. As Humanidades têm exibido em suas pesquisas variados processos de adoecimento físico e de sofrimento psíquico produzidos também pelo contexto político quando abordam os temas desigualdade social, políticas de saúde, periferias, organização do tráfico de drogas, legalização da cannabis, questões de gênero e raciais, relações entre corpo e poder, além da tênue fronteira entre o lícito e o ilícito. Tratando-se da Política Brasileira de Drogas, no país ainda perpetua as intricadas relações entre substâncias, usuários, saúde e justiça. Entre práticas e teorias. Nas últimas três décadas no Brasil, o debate se faz em torno da vida do usuário. Poder usar, e como. Não poder usar. Sendo assim, nosso objetivo é, a partir de 12 encontros, estabelecermos diálogos entre práticas e teorias a respeito dessa política pública e com os diferentes atores envolvidos.
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