Campus Guarulhos • Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em História da Arte

Áreas e Linhas de Pesquisa

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Área: História da Arte

Espaço de pesquisa e produção de conhecimento histórico-artístico. Tem como foco o estudo das artes visuais por meio de teorias e metodologias das ciências humanas. Esta área de concentração articula quatro linhas de pesquisa: Arte, Circulações e Transferências; Arte e Tradição Clássica; Instituições, Discursos e Alteridade; Arte, Política e Filosofia.

Linha de Pesquisa: Arte, Circulações e Transferências

André Luiz Tavares Pereira; Elaine Cristina Dias; Flavia Galli Tatsch; Jens Michael Baumgarten; Manoela Rossinetti Rufinoni; Michiko Okano Ishiki.

 

Reúne temas de pesquisas que envolvam discussões sobre circulações e transferências de artistas, de modelos visuais, estilísticos, arquitetônicos e iconográficos, assim como técnicas, saberes, teorias e preceitos. Enfocam-se diferentes formas de mobilidade local e global em diversos períodos históricos, abarcando a circulação e transferência de conceitos, ideias, teorias e questões referentes ao patrimônio histórico e artístico.

Estimula-se a identificação de coleções, da abordagem a acervos públicos e privados, objetos artísticos, do patrimônio edificado e quaisquer materiais visuais que ofereçam indícios de intercâmbios artísticos e culturais entre contextos, localidades e temporalidades distintas. Igualmente, espera-se do pesquisador vinculado a esta linha de pesquisa que produza reflexões teóricas acerca das causas e do impacto das trocas ou transferências artísticas materializadas pelos objetos de investigação eleitos seja no campo da recepção crítica, da geografia artística, dos temas de conservação e patrimônio ou políticas culturais e condicionantes sociais e históricas que tenham resultado no processo de transferência de obras de arte, sua apropriação ou assimilação entre ambientes culturais diversos.

Incluem-se, aqui, também, o estudo das tradições e práticas artísticas que se deslocam entre contextos culturais e temporalidades distintas, bem como o estudo das instituições que possibilitam esta sobrevida ou dispersão de modelos culturais, a recepção e adequação de modelos em diferentes localidades, sejam eles museus, bibliotecas, criação e desenvolvimento de instituições de ensino artístico formal ou outras práticas de transmissão do conhecimento sobre as artes visuais, incluindo exposições e a crítica de arte. Podem ainda ser abordados as formas e espaços de representação de poder político e religioso em que a visualidade seja de particular relevância ou os arquivos de diversa natureza e a produção teórica a estes associada. Espera-se dos pesquisadores que, além do conhecimento efetivo do seu objeto de pesquisa, tanto em seu âmbito material como em seus aspectos conceituais e históricos, que sejam capazes de identificar, compreender, explicitar e debater de modo fundamentado os elementos que o constituem, contribuindo para a compreensão do contexto em que surgem os mesmos objetos assim como os diálogos que estes articulam entre agentes, âmbitos culturais, extratos temporais diversos, renovando as abordagens tradicionais e, eventualmente, inserindo na esfera do debate histórico-artístico, obras e agentes de menor divulgação até o presente momento. 

Bibliografia básica

ANJOS, Moacir dos. Local/Global: arte em trânsito. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.


AUGÉ, Marc. O antropólogo e o mundo global. Petrópolis: Vozes, 2014. 

BURKE, Peter. Testemunha ocular. História e Imagem. Bauru: Edusc, 2004 

CASTELNUOVO, Enrico. Retrato e Sociedade na Arte Italiana. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 

CHOAY, Françoise. Alegoria do Patrimônio. São Paulo: Editora da Unesp, 2006. 

GOMBRICH, E.H. Arte e Ilusão - Um estudo da psicologia da representação pictórica. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

WARBURG, Aby. A Renovação da Antigüidade Pagã. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

Linha de Pesquisa: Arte e Tradição Clássica

Angela Brandão; Cássio da Silva Fernandes; José Geraldo Costa Grillo.

 

Esta linha agrupa pesquisas que articulam Arte e Tradição Clássica, concentrando-se nos seguintes subtemas: a) Estudos das artes grega e romana da perspectiva da Arqueologia Clássica, que ao focar em contexto, forma e função, lida com questões acerca das oficinas, artistas e comitentes, da finalidade e utilização destas artes, dos ambientes físicos em que são exibidas e vistas, de como operam dentro de seu tempo e lugar, dos contextos histórico, cultural, social, político e econômico, no interior dos quais adquirem significados; b) Estudos sobre arte e cultura na Idade Moderna, com foco em historiografia, fontes e objetos, considerando temas iconográficos, relações entre artistas e comitentes, entre produção e colecionismo, assim como as conexões entre arte e literatura artística.

Linha de Pesquisa: Arte, Política e Filosofia

Carolin Overhoff Ferreira; Osvaldo Fontes Filho.

 

A linha investiga perspectivas teórico-metodológicas inerentes à historiografia de arte, com ênfase nas articulações entre práticas simbólicas e políticas, convocando para tanto a multiplicidade dos objetos imagéticos/artísticos das cenas moderna e contemporânea. Interpela a construção dos discursos críticos, especulativos e genealógicos acerca das visualidades a partir de  diversificada temática antropológico-filosófica: memória, identidade, gestualidades e corporeidades, temporalidades da imagem, formas de vida e de comunidade, diversidade, decolonialidade, epistemologias não europeias, entre outros.

No fluxo de um pluriculturalismo que multiplica questões sobre a vida das formas, esta linha de pesquisa procura focar em agentes de uma renovada cartografia para compreender a arte em sua desimpedida errância pelas vozes e gestos constitutivos da diversidade expressiva do contemporâneo. Tal empreitada privilegia o trânsito por campos disciplinares que comumente se ignoram – a história da arte, a filosofia, a antropologia, a etnologia, a psicologia, os estudos culturais –, assim como convoca autores compromissados com uma movimentação epistemo-crítica da História da Arte em  vista de sua renovação metodológica. Ao se propor questões indissociavelmente políticas e artísticas,  favorece-se a problematização dialética  do funcionamento crítico e social das imagens – das visualidades em geral. 

A perspectiva inequivocamente revisionista da linha é convite a uma indistinção dos suportes expressivos, abrangendo  acontecimentos visuais no cinema, na fotografia, nas artes plásticas, bem como nas múltiplas ilustrações do mundo pertencentes ao sensível heterogêneo com que é moldada a cena contemporânea.

Em suma, uma densa constelação crítica a se projetar sobre variegada produção artística é convidada a interpelar o terreno comum da arte, da política e do pensamento com questões que têm ocupado o discurso crítico, as teorias estéticas e o pensamento especulativo, social e político, revisando, deste modo, modelos historiográficos propostos ao longo do século XX. Donde a preconizada frequentação de alguns motivos do pensamento pós-benjaminiano: a perda da aura, a integração arte-vida, a dimensão ética da arte moderna e a eficácia estética da arte contemporânea, a partilha do sensível, dentre outros. Entende-se, assim, assumir uma perspectiva crítica à luz das novas sensibilidades formais, bem como das mutações nas condições de produção dos artistas e dos intelectuais e, portanto, em sua função social. 

Bibliografia básica

RANCIÈRE. Jacques. A partilha do sensível. Estética e política. Trad. Mônica Costa Netto. São Paulo: Editora 34, 2005.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante da imagem. Questão colocada aos fins de uma história da arte. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 2013.

____________________. Sobrevivência dos vaga-lumes. Trad. Vera Casa Nova & Márcia Arbex. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011 

BOURRIAUD, Nicolas. Radicante: por uma estética da globalização. Trad. Dorothée de Bruchard. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

SODRÉ, Muniz. Pensar Nagô. Petrópolis: Vozes, 2017.

OVERHOFF FERREIRA, Carolin. Introdução Brasileira à Teoria, História e Crítica das Artes. São Paulo: Edições 70, 2019.

Linha de Pesquisa: Instituições, Discursos e Alteridade

Ana Maria Pimenta Hoffmann; Ilana Seltzer Goldstein; Letícia Coelho Squeff; Marina Soler Jorge; Marta Denise da Rosa Jardim; Pedro Fiori Arantes; Vinícius Pontes Spricigo; Virgínia Gil Araujo; Yanet Aguilera Viruez Franklin de Matos.

 

Esta linha de pesquisa abrange análises de imagens, objetos e práticas artísticas modernas e contemporâneas, a partir dos conceitos de institucionalidade, discurso e alteridade. Os processos de institucionalização dos bens e práticas culturais revelam hierarquias explícitas ou implícitas entre estilos, épocas, técnicas, autores, posições sociais e visões de mundo e, nesse sentido, permitem reflexões férteis acerca das relações entre as produções artístico-culturais e seus contextos de circulação e recepção. Os discursos e narrativas que se constroem em torno das obras de arte e das expressões culturais também são partes constitutivas de sua valorização e interpretação. Assim, pensar sobre produções e produtores artístico-culturais em relação às instituições que os acolhem (ou não), atravessados e constituídos pelas narrativas que sobre eles se constróem, permite uma compreensão filosófica, social e historicamente ancorada desses fenômenos. Adicionalmente, quando se leva em conta que formas e expressões culturais fazem parte de processos de construções identitárias, e que as diferenças e desigualdades da sociedade nelas se refletem, e também por elas podem ser subvertidas, fica claro que as ideias de identidade e alteridade são chaves analíticas importantes no estudo da produção simbólica e material. 

Assim, na contramão das análises pautadas em uma suposta autonomia da obra de arte e em análises exclusivamente formais, aqui são propostas abordagens voltadas à contextualização histórica, social, cultural, étnica, institucional e discursiva das obras e de seus seus criadores. São valorizados também objetos não convencionais e sujeitos subalternizados, numa concepção ampliada e interdisciplinar de história da arte. Focaliza-se a dimensão pública e política das artes e formas expressivas em geral, sua imagética e suas indústrias, seja nas artes visuais e performáticas, na arquitetura, na fotografia, no grafite, no cinema ou nas novas mídias, bem como nas exposições e em outras formas de visibilidade e legitimação das artes e dos bens simbólicos. São acolhidos estudos de imagens, objetos, processos artísticos e cidades, a partir de seus contextos de produção, dos agenciamentos e hierarquizações que os constituem, das apropriações que deles se fazem e de seus modos de recepção, sempre enfatizando as interfaces entre a criação artística e os vetores extra-estéticos, bem como a riqueza das reflexões interdisciplinares. Diferentes referenciais históricos, geográficos e teóricos são contemplados, e pretende-se abranger memórias, saberes e dispositivos, tanto hegemônicos, como não-hegemônicos.



Bibliografia básica

BLEICHMAR, Daniela. Visible empire: botanical expeditions and visual culture in the Hispanic Enlightenment. Chicago: Chicago University Press, 2012. 

BROWNLE; PICCOLI; UHLYARIK (orgs.). Paisagem nas Américas: pinturas da Terra do Fogo ao Ártico. Toronto, Ontario, Canada : São Paulo, Brasil : [Chicago] : New Haven; London: Art Gallery of Ontario ; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Terra Foundation for American Art; In association with Yale University Press, 2016.

GELL, Alfred. Arte e Agência. São Paulo: Ubu, 2018. 

GEERTZ, Clifford. Arte como sistema cultural. In: O Saber Local: novos ensaios em Antropologia Interpretativa. Petrópolis, Vozes, 1997. 

GOLDSTEIN, Ilana S. Da representação das sobras à “Reantropofagia”. MODOS: Revista de História da Arte. Campinas, SP, v. 3, n. 3, 2019.

MCROBBIE, Angela.The Aftermath of feminism - gender, culture and social change. London: SAGE, 2011.

PRICE, Sally. Arte primitiva em centros civilizados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.

KRAUSS, Roselind. O Fotográfico. São Paulo: Gustavo Gilli, 2012.

FRIZOT, Michel. Nouvelle Histoire de la photographie. Paris: Bordes Éditeur, 1994.

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